quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Molinésia

Quisera  ver
Que tão simples foi
Poder a ti
Abrir ao sol
Segredos meus.
No mais singelo
E infantil dormir
Porque ser mais
Um de teus jornais?
É  ver-te ao lado do que não pude ser
Em longas noites de sorrisos bons
Ao longe olhos blindam  o meu alguém
Bem mais que o tempo cortado em som,
E perto não pude dizer um sim.
Saber, sabor na falta de você
Que hoje pode ser bebida nua
Caju-manhã em verde despertar
Conchas, buracos, avenidas e mãos.
Vermelhas gotas
Não aconteceu
Pequeno anjo,
Que estava por vir
E mesmo assim não acreditou
E assim mesmo não acreditou.
Cabeça cinza chorando o além
Gravuras sonoras
De ilusão
Doces mentiras
Espumam frente ao mar
Abraços em simples toque anil.
Meninos e lobos passam sem piscar
Espadas e rádios
Escadas , aquários
E ainda assim sei o que quer dizer
Cartas em gelo
Cabelos e foto
Pipoca-formiga
E nada pra lembrar
Faz-me borboletas na barriga
Apenas quando você ri
Na turva brisa  de serpente
Correndo em seu balet
A menta tem sabor de hortelã
E mais um dia se passou
Sem algo mais para dizer
Será?
Na sombra imagem, televisão
Palavras ainda servem para que?
Caminhos extensos
Pés  no luar
Fechar um livro
Sem alguém pra ler
Em versos que não estavam lá.
Por trás daquele olhar azul.
Batatas contrariando as horas
Vamos brindar, molhar no dia vinte
Memórias surgem na calçada.
E nesta noite de ponto final
Que  mesmo em sopro estive  a te  tocar
No branco vitral do teu rosto
Tão perfeito quão lento
Lambe  a língua  longa
Longo 
O beijo.

Isaias  Pinho

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